Medo - seu aliado para o sucesso
Usando seus medos a seu favor
Você já sentiu medo alguma vez? Se sim, passou pela sua cabeça a opção de usá-lo a seu favor? Será que isso é mesmo possível?
Vamos mostrar aqui que o medo faz parte de um processo de avaliação que de fato é seu apoio para vencer. Apresentamos também uma estratégia comportamental para lidar com os medos e usar sua energia para algo que você queira e lhe seja útil, além de também apresentarmos sugestões de situações para aplicação da estratégia. Consideramos aqui toda a gama de emoções semelhantes a medo e com variações de intensidade, como receio, temor, terror, horror, preocupação e talvez outras.

Percepções
Segundo o Aurélio, medo é um "sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça". Bem descrito, mas essa definição não fornece pistas sobre o que fazer com o medo. Vamos ver algumas percepções mais práticas.
Antes de mais nada, o que faz com que uma pessoa consiga sentir medo? Suponha que você está aí tranquilo ou tranquila, olha para o lado e vê um leão olhando para você cheio de dentes e babando. Você sentirá medo, certo? Mas medo de quê? Certamente de ser devorado e de morrer, uma projeção de futuro, próximo, mas futuro, já que ainda não aconteceu.
Em todos os casos, trata-se de projeções de acontecimentos futuros. Isto é, a pessoa está imaginando algo que pode acontecer, como morrer, queimar-se e todas aquelas coisas que não queremos que aconteça.
Como pode o medo ser um aliado para o sucesso, conforme apregoa o título desta matéria? Para entender isto, vamos lembrar que somos movidos às direções que temos instaladas na nossa mente. Quer você se mexa para beber água ou ir a um restaurante, tem uma direção ou objetivo: saciar a sede no primeiro caso, alimentar-se e sentir prazer no segundo.
O medo então é nosso aliado, no sentido de que nos informa de que existe a possibilidade de que pode ser melhor não fazer algo. Imagine alguém sem medo, o que pode fazer!
O medo será um problema apenas quando:
- Ficarmos prestando atenção ao que não queremos que aconteça e apenas reagindo a isto, ou seja, paralisados e sem opção de ação.
- A nossa projeção de consequências estiver distorcida da realidade. Esse é o caso de ficar com medo de um avião a jato cair se perder uma das turbinas, já que ele consegue voar sem ela.
Canalizando a energia do medo
Uma vez tendo boas percepções a respeito do medo, precisamos aplicá-las, colocá-las em prática. Uma estratégia estruturada que pode ser usada para aproveitar o impulso e a energia do medo é:
1) Conscientização - tudo começa quando você detecta algo que pode ser bem descrito pela palavra "medo". Você sabe que é um processo da mente (eventualmente com reflexos no corpo), que é mais específico: medo de que alguma coisa aconteça.
2) Interpretação - Neste momento uma avaliação deve ser feita: o medo é um alerta? Procede? A avaliação dirá se é o momento de agir, e em caso positivo, o que é melhor de se fazer.
3) Escolha do contexto alvo da energia - Aqui você define para onde quer canalizar o impulso do medo. Deve ser um comportamento executável por você.
4) Transferência da energia - Neste ponto você tem dois cenários internos, um do medo e outro do objetivo. Para transferir a energia do primeiro para o segundo, você tem várias opções:
- Diminuir a luminosidade de um e aumentar a do outro.
- Visualizar a energia saindo de uma imagem e indo para a outra.
- Dissociar-se ("sair do filme") de um e associar-se ao outro.
- Fazer um morphing das imagens (transformação de uma imagem em outra).
5) Estabilização - Solte o corpo, e fique quieto por um minuto, permitindo que a mudança se estabilize.
Aplicações
Algumas sugestões para aplicação da estratégia descrita:
- Medo do escuro: ações de certificação da existência de perigos, como acender a luz e explorar o local, ou ações de proteção.
- Medo após um filme de terror: ações de observação de imagens internas e de controle delas, como alterar a cor e tamanho.
- Medo de perder o emprego: ações de revisão de produtos, de maior atenção aos objetivos e prioridades, ações de melhoria de relacionamento, ações de aquisição de conhecimento e novas habilidades.

Conclusão
Várias dessas alternativas na verdade são meios que facilitam o início de um trabalho consciente. Posteriormente, quando você já tiver lidado com alguns casos, estes vão gerar um nível mais profundo de habilitação, envolvendo a crença e o domínio da estratégia e de suas variações, o que resultará cada vez mais agilidade, eficácia e naturalidade.
E de agora em diante, fique atento aos seus medos, agradeça a eles e aproveite-os da melhor maneira possível: eles estão aumentando suas chances de sucesso!
Virgílio Vasconcelos Vilela
